O anúncio de Mark Zuckerberg, em 28 de outubro de 2021, de que o Facebook se tornaria um conglomerado denominado “meta”, me despertou um interesse de refletir sobre as possibilidades da saúde nesse ecossistema.
Primeiro, o que é metaverso? É uma iteração da parte da Internet da realidade virtual compartilhada, geralmente como uma forma de mídia social. O metaverso em um sentido mais amplo pode não se referir apenas aos mundos virtuais operados por empresas de mídia social, mas a todo o espectro da realidade aumentada. Na minha opinião, ainda assustado, apesar de não ser algo novo, Metaverso = Realidade Virtual + Realidade Aumentada + 3D + Inteligência Artificial, ou seja, o futuro hoje.
Cidadãos digitais, pacientes digitais?
Nossa sociedade atual transformou os usuários em fontes digitais de dados. Nós produzimos diariamente centenas de gigabytes de dados que são coletados e processados, que são captados pelo Facebook e outras empresas de dados, que aprimoram esses dados para fins principalmente comerciais. E para saúde estes dados são ricos, como valor para o desenvolvimento da saúde numa escala nunca antes vivida. Estes dados analisados pela saúde são excelentes e podem trazer benefícios gigantes para todos.
Os usuários optaram por soluções digitais para seus serviços de saúde, e a pandemia de 2020 exacerbou essa tendência, não porque quiséssemos, mas porque não tínhamos escolha. A teleconsulta é uma pequena amostra que experimentamos em 2020 com mais frequência, apesar que a telemedicina ser uma ferramenta antiga em nossa sociedade. O que é novo são os números de pessoas interagindo com a tecnologia aplicada à saúde, e o engajamento no cuidado à saúde através dos dispositivos pessoais e vestíveis.
O grande salto consistirá em transformar esses recursos em um ecossistema de meta-saúde abrangente. O futuro pode ser a criação de avatares para educação em saúde através do genoma e inteligência artificial, ou atendimento personalizado utilizando o metaverso, tratamento e diagnóstico por meio de interconectividade de dados, uso de gêmeos digitais. O desafio difícil é delimitar, pois a verdade é que não há limites, e isso é o que pode nos assustar.
Tradicionalmente, a medicina é uma relação pessoa a pessoa. Os pacientes confidenciam a um médico que usará muitos sinais para estudar os sintomas, desde respostas emocionais, reações físicas e, sim, dados. Interoperabilidade é uma palavra-chave em saúde digital, pois é uma necessidade crescente para todos os serviços de saúde e partes interessadas que usarão e compartilharão dados portáteis e compatíveis entre sistemas, instituições, plataformas e países, e é aqui que está o risco.
Para tangibilizar, moro ao lado da Marjory Stoneman Douglas High School, escola em Parkland, Flórida, que foi centro das atenções do mundo quando do massacre de um aluno que matou 17, em 2018. Este fato já é relevante, mas o que tem a ver com o assunto? A resposta é este vídeo do Joaquin e seu impacto, que trouxe para nos conectarmos com parte do Metaverso. Suas potencialidades e oportunidades na Saúde são ilimitadas.
O metaverso é concebido como uma ideia de lugar onde as pessoas irão se deparar com uma realidade, sem experimentá-la. Algumas pessoas podem entender mais uma estratégia de fuga do que uma situação de maior imersão do self. Para mudar o futuro da saúde, precisamos também mudar comportamento, atitude, e podemos sim usar o metaverso. Pode ser uma propedêutica para desenvolver espectros de realidade alternativa, caso não enfrentemos os problemas reais de saúde aqui e agora, para o mudar o futuro da saúde, da minha da saúde.
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